quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

AS DEZ MAIS DE 2011...


No final deste primeiro ano do blog - apesar de ter sido criado em maio -, resolvi fazer uma lista das postagens mais visualizadas. Agradeço a todos pela força... Um feliz 2012!...

Um dia desses recebi um email, um texto intitulado, “O Menestrel”, assinado por William Shakespeare...
Puxa! E eu que achava que os Egípcios estavam errados por acreditar na metempsicose! Tenho que aceitar que Shakespeare está reencarnado!... É um asno anencéfalo...
Brincadeiras à parte, quem conhece um trecho que seja da obra do dramaturgo inglês, não cai nessa cilada... O texto em questão é uma versão, de gosto duvidoso, do poema de Verônica Shoffstall, denominado After a While. 
          É claro que não há nada demais em se publicar seus próprios textos, a internet está aí para isso mesmo, é uma democratização positiva, mas tem gente que abusa dessa liberdade... Copia-se um trecho aqui, acrescenta-se uma idéia “criativa” ali, e o Frankesntein literário está pronto. Depois é só jogar na rede e esperar que milhões de peixes desavisados mordam a isca...
Quando escrevemos algo e não estamos ainda totalmente seguros, não convém lançarmos mão de algum “pistolão”, usando um pseudônimo de peso. É claro que isso acaba dando certo, pois mesmo que a fraude fique meio óbvia, sempre se pode contar com os “puxadores” de texto falsificado... Os interneteiros que sempre tocam qualquer coisa em frente, sem checar a fonte; se têm musiquinha e bichinho, tá valendo...
Lembra daquele ditado que diz que filho feio não tem pai? Nesse caso emprega-se com uma pequena modificação: “Filho feio quando tem pai, o tal é falsificado”.
De tanto que são evocados em vão, ouvi dizer que tem escritor desencarnado lotando as sessões mediúnicas na tentativa de ditar o seu manifesto... A obra se chamaria: “Protesto de Além Túmulo...”
Comigo eles podem ficar descansados, pois ao final terei coragem e não me furtarei a assinar esta "obra"...
Frequentemente ouvimos dizer que a internet nos expõe de tal forma que é como se estivéssemos com nossas janelas escancaradas para o mundo. Isso é uma verdade! Então se você é um desses que costuma acompanhar o gado virtual, contribuindo para a proliferação, via email, da "Peste do Escritor Estelionatário", cuidado! Pois, deparar-se com mensagens cujo conteúdo vão do otimismo exagerado ao pessimismo disfarçado de visão profética, com aquele final ameaçador do tipo: “... então se você não quer que isso tudo aconteça, transmita essa mensagem a dez amigos...”, pode ser bastante desagradável... É como querer espiar fora de casa e receber de repente um troço estranho janela à dentro...
Fica aqui uma reflexão: O que será que estamos arremessando, nas “Unprotected Windows” de nossos amigos?... 


"Se eu tivesse a pretensão de apresentar uma fórmula de como viver melhor, diria que devemos precisar de muito pouco e que teria que acontecer muita coisa para que perdêssemos nosso equilíbrio... É uma pena, mas acho que estamos vivendo essa equação ao contrário..."

"Se as portas da percepção fossem abertas, tudo pareceria aos homens como realmente é... infinito..." (WILLIAM BLAKE)



    Um dia desses uma grande amiga, em meio a uma discussão em que o assunto lhe pareceu um tanto pesado, disse não querer se envolver em questões polêmicas e que após uma entrevista que havia assistido na t.v com o humorista Sérgio Malandro, tornara-se uma seguidora fiel de sua filosofia... Não conseguimos ouvir a tal filosofia, pois caímos na gargalhada...
   À noite ao chegar em casa liguei a t.v e o apresentador robotizado do telejornal disparou: "... mais uma palhaçada do Palloci... - não foi exatamente isso, mas eu entendi assim - ... Pimenta Neves só agora... Prefeito de campinas preso quando voltava da Europa... Verba de Gabinete, gastos exorbitantes... Ex BBB diz..." 
   - Ai meu Deus! Qual era mesmo aquela Filosofia do Malandro? - Resolvi ligar urgentemente para aquela minha amiga e por via das dúvidas, enquanto aguardava... 
   Glu, glu ieié!... Salcifufu! Glu, glu ieiééééé!...


5º) Ainda que só exista a matéria,
Que aquilo que meus olhos enxergam além, seja ilusão;
Que o nada seja a última fronteira afinal,
Não deixarei jamais, que a razão prenda meus passos,
Nem perpetue em mim o medo de perder,
A vida que só existe quando não temo viver...


6º) Tempo de vida, ao contrário do que se costuma dizer, não é sinal de experiência...
Muitas pessoas passam pela vida com a mesma sensibilidade com que um elefante caminharia sobre ovos...
Experiência é assimilação...
Quantos velhos continuam cometendo os mesmos erros?
Que tolice se gabar de nunca ter mudado seus conceitos!
Não sou o mesmo que era há alguns anos...
Isso não quer dizer que não mantenha as mesmas raízes;
Simplesmente procuro solo mais propicio à produzir melhores frutos...


   Outro dia assisti em um programa da televisão, um jovem fã que esperava à porta de um hotel para ver seu ídolo. Indagado pelo réporter sobre as origens de sua admiração, e que força lhe conferia disposição para ficar ali por horas esperando por um simples aceno, o rapaz filosofou que se lembrava dos ídolos de que seu pai tanto lhe falara, disse que nunca se esqueceu dos discos de vinil que ele havia lhe apresentado e que depois lhe transmitira como herança... Nomes como Pink Floyd, Led Zeppelin, Black Sabbath, entre outros, lhe teriam sido confiados...
   Segundo ele, era essa mesma paixão pela música que o movia naquele momento e um dia pretendia fazer a mesma coisa com seu filho, mostrando a ele qual tipo de música caracterizara sua época...
    O que o desafortunado herdeiro irá receber?... Nada mais, nada menos que, Lady Gaga!...
    My God!... É ou não é o fim dos tempos?!... 


     Sabe aquele ditado popular que diz que Cara Feia é fome? Pois eu ousaria dizer que Cara Feia é Falta... Falta de Cultura, de Autoestima, de Educação, de Inteligência... 
     Já te aconteceu cruzar com um colega de trabalho no corredor e o sujeito de cara emburrada de repente começar a olhar em todas as direções, seus olhos riscando ângulos inimagináveis como se fulminado fora por um ataque epilético, vendo até mesmo através de você, mas sem conseguir de te enxergar?... E que dó, quando o indivíduo percebe que não vai ter como fugir, nesse momento tem início um dos maiores sofrimentos que o ser humano pode vivenciar. É com enorme sacrifício que ele tenta elevar seu lábio superior, um milímetro que seja, para fingir um sorriso amarelo, enquanto balbucia um moribundo, oi... Fico triste só de pensar na dor que é movimentar músculos tão atrofiados! 
     Certa feita me deparei com uma pessoa, imagine a cena, o pescoço todo virado para o lado em direção a parede, enquanto o tronco permanecia em minha direção; penalizado, quase pedi para que não se incomodasse... Já pensou se a pobre alma sofresse uma entorse, ou até mesmo levasse um tombo, além do oi ainda teria que pedir socorro... 
     Muitos pensam que aquelas pessoas carrancudas, mal encaradas, são pessoas seguras que riem pouco porque não tem tempo para banalidades. Alguns, principalmente um chato apresentador de um daqueles entediantes programas de domingo, costumam atribuir a esse tipo grosseiro e mal educado, o adjetivo equivocado de "gente de personalidade forte". Eita!... Na minha terra isso era falta de educação mesmo!...
    Analisemos o seguinte: para que servem as carrancas nos navios, segundo a crença dos navegadores? Para espantar os maus espíritos, não é? Procuramos espantar o que nos mete medo. E é isso que querem os carrancudos que conhecemos, espantar qualquer ameaça, qualquer situação que possa deixar claro sua insegurança... 
      Gente! Intelectual de cara feia é estereótipo de folhetim de segunda ou de filme B de Hollywood! Alguém já viu alguma foto do Ainstein? Pois bem, ela lembra algum de nossos amigos mal humorados? É claro que não! Quem já atingiu certo grau de cultura já consegue perceber que se expor é muito mais proveitoso que se fechar como uma ostra.
     Quem está bem consigo mesmo, não faz pose, não se coloca na defensiva. O ser humano que possui autoestima, não se preocupa com o ser, ele simplesmente é... Naturalmente já está pronto, sem fórmulas e arranjos... Por isso tem sempre um sorriso no rosto, não dispensa um bom dia, um aperto de mão, um abraço... Mas são atitudes sinceras, não guardam nada de encenação, do tipo corpo a corpo de político ou euforia de bobo alegre que ri o tempo todo sem nem mesmo saber porque... Quando falo de alegria, não defendo, ao contrário dos que costumam confundir, que ser alegre é ser extrovertido, nada disso, gente extrovertida demais acaba sendo muito chata, não há mal nenhum em se ter um bom momento de quietude, de solidão...
     O que importa mesmo é o equilíbrio, a sinceridade... Quieto ou falante, risonho ou introspectivo, a educação se encaixa em qualquer personalidade. Ninguém tem culpa, se ainda não somos tão capazes quanto gostaríamos, ou se não acertamos tanto quanto seria de se esperar... Cada um tem seu tempo e seus limites, agora o que não dá é despejar no próximo o jiló que impregna nossa alma...
        Cara Feia é Falta Sim!... Falta de Evolução...


Quais as perguntas que mais fazemos?
“A vida continua?... Será que tudo se acaba?..."
Ela responde...
A cada segundo o presente se acaba... mas um novo segundo recomeça e continua até se transformar em minuto... e se não continuasse não chegaria a se transformar em um dia...
Você pode até acreditar que sim, mas já não é mais o mesmo... e um dia você se pega falando de coisas que jamais imaginou, seu senso do comum se torna mais apurado e de repente você evoluiu... ou não... talvez apenas tenha se complicado ainda mais, mas mesmo assim, você já não é o mesmo...
É perda de tempo pensar se vamos conseguir superar a última onda, quando as primeiras nos convidam a aprender com os pequenos obstáculos... pequenos que transformamos em monstros... 
E nosso mar não passa de uma rasa camada de água revirada que nos mantém sempre aprisionados. E passamos a vida toda lutando, sempre à margem do que poderíamos ter atingido...



10º) Se algum dia você tocar o inatingível, vai pensar que está fora da realidade, sem saber que seus braços é que de repente ultrapassaram os limites que sua mente havia estabelecido e que inadvertidamente apelidou de impossível...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Adorno e Horkheimer


O que estamos consumindo hoje em dia, em qualquer área passível de ser explorada pelo capital, é produto de uma genuína “cultura de massa”, ou será que se trata de um produto gerado pela indústria cultural?
Resumindo, você consome o que realmente acha que é bom, ou simplesmente aceita o que te disseram que seria bom pra você?

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Nem tudo é relativo



A Teoria da Relatividade é uma das maiores revoluções do século 20. Modificou para sempre nossa concepção do Universo. Entenda como o formidável legado de Albert Einstein surgiu da observação de pequenos (porém intrigantes) eventos do cotidiano.
Oscar T. Matsuura

A Teoria da Relatividade é um marco do século 20. Inovou o pensamento científico, ampliou o conhecimento da natureza e o seu domínio pelo homem. Mas permanece afastada de nossas preocupações cotidianas – em parte porque desafia o senso comum.
Mas basta pensarmos em eventos de nosso cotidiano para entendermos muitos dos princípios da Relatividade. A apreensão do tempo e do espaço é um exemplo disso. Nossa experiência mais pessoal do tempo é a vivência do tempo subjetivo. Com ele ordenamos a seqüência de eventos segundo o critério do antes e do depois para narrar uma história. Mas o tempo parece estar fluindo sempre e de maneira uniforme, fora de nós, independentemente da nossa vontade. Assim, passam os dias, os meses e os anos. Para medir ou quantificar o seu fluxo foram inventados o relógio e o calendário.
O conceito intuitivo de espaço nos vem da experiência da forma dos objetos e do volume ocupado por eles, bem como da experiência do deslocamento dos corpos no espaço. Apesar de invisível, o espaço parece existir como uma entidade objetiva e real. Nós mesmos nos sentimos ocupando lugar nele. Esse espaço pode ser medido e quantificado com uma régua ou trena.
Já por volta de 300 a.C. o matemático alexandrino Euclides deu a esse espaço a magnífica descrição geométrica do espaço tridimensional conhecido como euclideano. Porém, até Copérnico (1473-1543) prevaleceu a concepção de que o Universo estava hierarquizado em esferas concêntricas à Terra e confinado pela maior dessas esferas, a das estrelas fixas, cujo raio era finito. Ou seja: o espaço era finito. A hierarquização do espaço baseava-se na idéia do filósofo grego Aristóteles: as esferas abaixo da Lua eram compostas dos quatro elementos – Terra, Água, Ar e Fogo – e, acima dela, de uma substância chamada Quintessência ou Éter (que nada tinha a ver com a substância química de mesmo nome). Portanto, além de finito, o espaço era não-homogêneo: tanto mais nobre e perfeito quanto mais distante da Terra.
É a partir do inglês Isaac Newton (1642-1727) que se estabelece a idéia de um espaço homogêneo, sempre igual em todas as direções e infinito. Mas foi o filósofo e matemático francês René Descartes quem, antes de Newton, inventou a geometria analítica, uma ferramenta matemática para representar e manipular pontos nesse espaço. As coordenadas geográficas num mapa ou num globo exemplificam esse tipo de representação.

A régua do universo
Não se impondo um início e um fim para o tempo, nem fronteiras para o espaço, tempo e espaço são ilimitados e infinitos. Tal tempo e espaço inviabilizam, respectivamente, a determinação de um instante e a localização de um evento. É fácil entender isso: assim como num universo infinito é impossível definir o seu centro, uma partícula perdida num espaço infinito não é localizável na medida em que a sua posição não pode ser quantificada. Não pode ser quantificada porque não pode ser medida. Não pode ser medida porque não existe régua infinita.
Mas é fácil perceber que faz todo sentido medir um intervalo de tempo entre dois instantes, ou uma distância entre dois pontos no espaço. Introduzindo, pois, um ponto como referência, ainda que de forma arbitrária, o instante de um evento ou a sua localização podem ser medidos em relação a essa referência. Ela pode ser estipulada como o instante inicial para a contagem do tempo e o ponto de origem para a medição das distâncias. Concluímos que o nosso ato de medir o tempo e o espaço requer a introdução de sistemas de referência.
Um exemplo clássico. Você está parado na plataforma de uma estação de metrô e vê uma composição se aproximar. Nela está um amigo seu. Ele está sentado junto a uma janela que pode ser reconhecida por meio de alguma marca. Como você descreveria o movimento daquela janela? Agora o tempo não pode ser ignorado. Um relógio é necessário. A descrição pode ser feita tabelando a distância dessa janela até você para cada sucessivo segundo de tempo fornecido pelo seu relógio. Essa descrição terá você como referência: o lugar onde você se encontra e o seu relógio. O fato é que, na descrição final, a distância da janela em relação a você diminuirá com o passar do tempo.
Mas qual é a descrição do movimento da janela do ponto de vista do seu amigo no trem? Claro, a referência pode ser escolhida arbitrariamente. O bom senso sugere que ele escolha o banco em que está sentado. Nesse sistema de referência a janela permaneceu parada o tempo todo. Mais: afirmará que estava parado, sentado, e que você, na estação, estava se aproximando dele!
Chegamos, assim, à conclusão de que o movimento é relativo. Relativo ao sistema de referência do observador. Nenhum movimento é absoluto.

O observador é tudo
Uma idéia fundamental que possibilitou a transição do sistema geocêntrico de Ptolomeu para o sistema heliocêntrico de Copérnico foi a da relatividade do movimento dos astros. Com efeito, muitos movimentos celestes importantes resultam apenas do movimento do observador que, estando na superfície da Terra, é arrastado pela sua rotação, translação etc. Apesar da simplicidade e obviedade dessa idéia hoje, a humanidade passou vários séculos desconsiderando o heliocentrismo. Por quê? Porque prevalecia a idéia de que a Terra permanecia imóvel no centro do Universo. Mas sobretudo porque pesava o fato de que a contemplação ingênua do céu estrelado não dava a menor indicação de que a Terra estivesse girando em torno do seu eixo e viajando no espaço ao redor do Sol. O modelo geocêntrico era intuitivo.
Na prática, um sistema de referência é um laboratório com um observador e os seus aparelhos de medida: a régua, para medir distâncias; o relógio, para medir o tempo. O ponto importante é que o observador e os seus instrumentos de medida sejam solidários. Se o observador se mover, os instrumentos deverão acompanhá-lo.
A relatividade do movimento é uma conseqüência da relatividade da posição de um corpo no espaço, em relação ao sistema de referência adotado. O espaço, em si, é absoluto. Também a distância entre dois pontos é absoluta. Mas a posição de um corpo, e o seu movimento, são relativos a cada sistema de referência.
Até aqui, o tempo em si também é considerado absoluto. Também as medidas de intervalos de tempo são absolutas. Diferentemente da origem para o espaço, a origem para a contagem do tempo é supostamente comum para todos os sistemas de referência. Surge, assim, uma assimetria entre as medidas do espaço e do tempo. Só as primeiras são relativas a cada sistema de referência. Enquanto a posição da janela do vagão do metrô dependia do sistema de referência, o tempo era comum: o relógio do seu amigo no metrô, e o seu na estação, estariam marcando exatamente o mesmo tempo.
A consideração de que o tempo é comum para todos os sistemas de referência implica alguns requisitos: que todos os relógios distribuídos no espaço marcham com a mesma velocidade, independentemente do movimento relativo. Isso será negado na relatividade restrita com a dilatação do tempo. Implica também que todos os relógios possam ser perfeitamente sincronizados – o que, no fundo, exige uma forma de transmissão instantânea de informação entre dois pontos separados no espaço. Isso também será negado com a relatividade da simultaneidade.
O fato de o movimento ser relativo tem a ver com relatividade? Sim, mas a relatividade do movimento da qual falamos até agora é clássica. Ela já era conhecida por Galileu Galilei (1564-1642) e pelo próprio Newton. A relatividade de Albert Einstein não é essa relatividade clássica, mas surgiu de uma revisão crítica dela. Apesar da denominação Teoria da Relatividade, como se Einstein tivesse dito que na natureza "tudo é relativo", o seu conteúdo principal diz respeito muito mais à constância e universalidade das leis físicas.

Gênio indomável
Na escola primária, Albert Einstein (1879-1955) foi considerado insociável e lerdo. Seus pais chegaram a achar que ele sofria de dislexia. Na verdade, Einstein estava perdido nos próprios sonhos. Bom de raciocínio, tinha dificuldade nas tarefas que exigiam memorização. Com apenas 5 anos, Einstein ganhou uma bússola. Brincando com ela, achava um milagre a propagação do magnetismo terrestre pelo espaço. Considerado um mau exemplo para os colegas, Einstein não conseguiu terminar o ginásio em Munique do qual foi expulso. Aos 16 anos, já em Milão com seus pais, enquanto passeava de bicicleta, fez a famosa pergunta: "Como se pareceria o mundo se eu viajasse em um raio de luz à velocidade da luz?" Nesse mesmo ano escreveu um trabalho sobre eletromagnetismo que já prenunciava a Teoria da Relatividade. Esse trabalho impressionou tanto os examinadores da Escola Politécnica de Zurique, que compensou as notas ruins em outras disciplinas.
Em 1901, por alguns meses Einstein deu aulas de matemática em colégios não muito distantes de Zurique, mas, em meados de 1902, ganhou um emprego no Departamento de Patentes, em Berna. Teve tempo para pensar em física.
Em 1905 publicou cinco trabalhos, dentre os quais aquele sobre o efeito fotoelétrico, pelo qual ganharia o Prêmio Nobel de 1922, além de dois artigos com os quais lançou a Teoria da Relatividade Restrita, uma resposta àquela pergunta que se fez andando de bicicleta. Assim chegou ao espaço e tempo relativos, desconstruiu a noção intuitiva da simultaneidade, introduziu a estranha idéia da variação da massa com a velocidade, o significado de velocidade-limite para a velocidade da luz e a equivalência entre massa e energia. Convidado para escrever um artigo sobre sua teoria numa publicação anual, sentiu-se desconfortável com o fato de que a Relatividade se aplicava somente a situações especiais. Concebeu então um novo projeto que rompesse essas barreiras: a elaboração da Relatividade Geral. Ou, como todos conhecemos: a Teoria da Relatividade.

O grande salto
A Relatividade Restrita só se aplicava em sistemas cujos movimentos relativos tinham velocidade retilínea e uniforme. Sistemas acelerados, como uma galáxia distante em relação a nós, estavam excluídos. Em 1911, Einstein aceitou o convite para trabalhar em Praga, na atual República Checa. O projeto da Relatividade Geral praticamente não havia progredido e só foi retomado aí. Através de experimentos mentais, construiu duas idéias-chave: o Princípio da Equivalência, segundo o qual um sistema em repouso no campo gravitacional da superfície da Terra é indistinguível de um sistema acelerado por um foguete com igual aceleração no sentido oposto; e a curvatura do espaço e do tempo. Para completar a teoria, faltava encontrar a solução matemática para encurvar o espaço-tempo.
Um exemplo clássico disso é o do carrossel. Num carrossel que gira, há uma aceleração centrífuga. Segundo a Relatividade Restrita, a medida do raio R do carrossel, perpendicular ao movimento, não é afetada pela rotação. Mas a medida do círculo externo é afetada: não será 2pR, mas menor. Isso ilustra como o espaço num sistema acelerado não é mais euclideano, mas encurvado. Para introduzir a curvatura Einstein fez uso do espaço-tempo, uma entidade geométrica abstrata criada por Hermann Minkowski, seu mestre de matemática em Zurique. O encurvamento do espaço-tempo é determinado pela presença de matéria e energia. No espaço-tempo encurvado os corpos e a luz percorrem trajetórias curvas, mas não mais sob a ação de uma força. A Relatividade Geral dispensa a noção newtoniana de força.
Em 1914 Einstein mudou-se para Berlim. Trabalhava freneticamente para finalizar a Relatividade Geral. Em 1916, depois de tê-la apresentado no final do ano anterior numa sessão da Academia Prussiana de Ciências, publicou sua Relatividade Geral. Mas Einstein não era um bom matemático. Assim, com muito sacrifício e com muitas tentativas e erros, chegou às equações da Relatividade Geral.
Ao reformular a teoria da gravitação de Newton, a Teoria da Relatividade permitiu construir um andaime mental para o estudo do Universo como um todo. Só por isso a Teoria da Relatividade tem um valor cultural inestimável, pois deu ao homem a chave para responder à pergunta: "Onde estamos?" Essa foi uma grande façanha intelectual, pois o Universo é um objeto muito peculiar de investigação. Por definição, ele inclui toda a realidade física sem que nada reste fora dele. Estamos diante do caso único em que o observador, necessariamente, faz parte do objeto de estudo. Não há, portanto, a usual relação sujeito-objeto. Nem existe um espaço como se fosse o palco preparado para a atuação do Universo. O espaço e o tempo só existem no Universo e na medida em que o Universo contém coisas e abriga processos. Através do espaço e do tempo as coisas no Universo têm relação, não com o todo, mas entre si, de modo que a descrição do Universo é uma descrição da rede de relações que ocorrem nele.
Essa descrição é fundamentada na Teoria da Relatividade, que nos permite vislumbrar o Universo como quem consegue enxergar além do horizonte e perceber a curvatura da Terra quando é alçado a alturas maiores. Vendo agora o Universo à luz da revolução de Einstein, reconhecemos nele reflexos de nós mesmos. Pela primeira vez, desde a criação, o Universo toma conhecimento de si mesmo através do homem!
Uma predição da Relatividade Geral foi a deflexão dos raios de luz de estrelas distantes quando eles tangenciam o Sol até chegarem aos nossos olhos. Agora a deflexão não era mais explicada pela ação de uma força gravitacional atuando nos fótons, mas pelo encurvamento do espaço nas proximidades do Sol. Em 1919 a Royal Society de Londres anunciou que essa predição havia sido confirmada no eclipse daquele mesmo ano. Parte dessa observação foi realizada no famoso eclipse de Sobral, CE. Foi este sucesso que lançou Einstein definitivamente para a fama internacional, não apenas como cientista, mas também como o sábio que mudaria nossa maneira de encarar o Universo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FAZ UM ANO...

Faz um ano que meus olhos procuram seus cabelos finos e brancos entre as frestas da janela...
Não ouço mais sua voz sem palavras anunciando minha chegada...
Não vejo seu sorriso e não posso apertar sua mão...
Meu abraço sente falta do teu cheiro...
Muito embora meu egoísmo ainda te prenda aqui, um guerreiro como você merece descansar em paz...
Mas sei que seu descanso é lutar outras batalhas, encontrar novos campos, e semear o bem entre seus novos, e antigos companheiros... 


QUANDO A LUZ DEIXOU TEUS OLHOS...

Perdoa-me pelo amor que eu guardei...
Ele ainda está aqui, não sei se podes sentir...
Lágrimas ainda tenho, sempre as terei,
Mas estou procurando lembrar e sorrir...

Não sei, sinceramente temo que tenha sido o fim...
Sonhei que vieste até mim, mas acordei...
Se pensamentos são eternos, você ainda existe,
Então sei que vives se tenho viva tua vida em mim.

Não pude te dizer adeus, ou até logo...
Quando cheguei já tinhas partido.
Descendo aquele labirinto de paredes brancas
Temia te encontrar ausente...

Quando a luz deixou teus olhos
Não pude te oferecer um último olhar...
Ao ver-te tão sereno, não pude me conter, era mesmo verdade...
Tua luta, nossa luta, havia chegado ao fim...

Que pena que foi preciso que sumissem teus passos
Para que eu soubesse te fazer um carinho...
Para que eu perdesse o medo de teus braços!
Há tempo, soubemos descobrir que abraços dizem mais que qualquer palavra...

Mesmo que ainda, ou nunca saibas, eu sei
Que sempre procurei mil formas para amenizar sua dor...
Se teus olhos não me viram sempre, nunca deixei
De te procurar em meus pensamentos, e chorar... e sonhar!...

Juro que se pudesse nunca te deixarias sozinho...
Mas devemos atenção à vida que não é viver de verdade!...
Espero que ainda estejas tu, e que não estejas só...
E ainda que não enxergues que nos veja em tuas recordações...

Perdidos no tempo ainda estamos, pai e filho...
O sol queimando nossos corpos, a alma aquecida...
Tua voz firme e a força de teus braços, tua mão grande e forte...
Ainda estou de férias e somos só nós dois, lembra?

O horizonte e o silêncio que só pais e filhos podem entender!
São dias perfeitos e é bom saber que ainda estão lá...
Tua vida agora, em minhas frágeis retinas, começa de novo...
            E eu te encontro no dia em que nasci... Oi pai, vamos reviver nossa história?



domingo, 11 de dezembro de 2011


Encontrei este texto em um caderno antigo, de quando era ainda adolescente – então é bem antigo mesmo!... É engraçado ver como nessa fase somos tão exagerados, tudo parece mais intenso do que realmente é... As paixões, as contradições, a dor...
Ele parece escrito por alguém que passa por uma profunda crise existencial – pelo menos é o que parecia na época –, mas na verdade é de alguém que passa pela terrível dor de deixar de ser criança...
Depois acabamos descobrindo que não necessariamente teremos que abandonar essa criança que existe em nós, que esse na verdade é só mais um momento de adaptação, como tantos outros que teremos vida a fora... Mas acho que esse sentimento de ruptura é que causa essa sensação tão intensa; um vazio que até então não se está acostumado a sentir... 
Hoje em dia vejo que este sentimento vem se revelando cada vez mais cedo, porque a infância perde espaço a cada nova geração, para necessidades, ou o que é pior, para obrigações que nos fazem caminhar em sentido contrário ao daqueles anseios mais íntimos, que verdadeiramente alimentariam nossa alma...

“Eu caminho ao lado de um abismo... E neste momento estou virado para ele. Eu posso vê-lo, tão profundo, tão presente, tão indesejável, mas tão fascinante... Tudo é escuridão e medo. E se faz trevas em meu pensamento... Um passo em falso e lá se vai meu auto controle...
Do outro lado é dia, mas o sol me cega... é mais gostoso olhar para o buraco negro que me seduz...
As pessoas fogem para o outro lado, mas eu ouço seus gemidos, elas podem enxergar, mas a luz é muito forte e só existe dor. Aqui tudo é silêncio e escuridão...
Eu vou saltar...
Não... Vou continuar caminhando, eu sei que a frente o caminho se acaba e só o que existe é o abismo... Vou apenas cair e esperar seu abraço gentil...”

VAMOS AJUDAR A ILHA A SE MANTER SEMPRE BELA...



ABAIXO ASSINADO  Contra a ampliação do porto de São Sebastião com containeres. - Abaixo Assinado.Org 
www.abaixoassinado.org 


Ampliação do porto de São Sebastião ameaça Litoral Norte de SP

Está em andamento um projeto do governo do Estado São Paulo para ampliar o porto de São Sebastião e transformá-lo num movimentado terminal de navios de carga com a passagem de 1,5 milhão de contêineres por ano – 20% a mais do que era o porto de Santos em 2007. Essa região guarda alguns dos mais importantes remanescentes de Mata Atlântica e de Manguezais do país e será impactada pelas obras e operações do novo porto. A jornalista Juliana Borges, que tem acompanhado de perto os impactos do desenvolvimento no Litoral Norte de São Paulo, escreveu um texto para este blog levantando a discussão. Considerando que, no Brasil, o meio ambiente e os moradores locais costumam ser atropelados por aquele tipo de desenvolvimento que vê números, mas não pessoas, é bom ficar atento. Hoje é Belo Monte. Amanhã, São Sebastião…
Caso seja aprovado, o novo porto terá uma capacidade 30 vezes maior, ocupará uma área três vezes superior à atual e terá capacidade de atracar 18 navios simultaneamente (hoje são permitidos apenas quatro) com capacidade de 9 mil contêineres, o que equivale a um prédio de nove andares.
É inegável que é preciso melhorar as infraestruturas de transporte no Brasil. Mas a questão é como e onde isso deve ser feito. Será que fazer um imenso porto numa área de preservação ambiental é a melhor saída? E fazer uma obra desse porte sem pensar em criar infraestruturas de acesso? E incentivar a ocupação numa região espremida entre o mar e a montanha, cercada por Áreas de Preservação Ambientais (APAs) e Parques Estaduais e que já sofre com o crescimento desordenado?
Os impactos ambientais e sociais da ampliação do porto serão grandes. A obra vai aterrar parte do último mangue da região, o do Araçá, e o movimento dos navios vai prejudicar significativamente a vida marinha do canal – que já tem sofrido bastante nos últimos anos. Também levará um movimento de 4 000 caminhões por dia (ou 150 por hora) à Rodovia dos Tamoios, que liga o Litoral a São Paulo. Hoje, mesmo sem todos esses caminhões, a rodovia já está em colapso. A sua duplicação vem a passos lentos.
Um porto desse tamanho invariavelmente atrai gente, empresas e comércio. Mas tanto Sebastião quanto Ilhabela não têm muito mais para onde crescer. Ambas as cidades possuem pouco espaço, entre o mar e a montanha, cercadas de áreas de preservação ambiental e  já vêm sofrendo bastante com o crescimento desordenado. Em 20 anos, as duas dobraram de tamanho – São Sebastião tinha 33 mil pessoas em 1991 e hoje tem 74 mil, enquanto Ilhabela passou de 13 para 28 mil. Esse aumento populacional está esgotando os mananciais de água potável (São Sebastião já usa água da vizinha Caraguatatuba), destruindo áreas de preservação ambiental e poluindo os rios e o mar. No verão, praias da costa são consideradas impróprias para o banho – a cobertura da rede de esgoto nos dois municípios é pífia: em Ilhabela, é inferior a 10%. A ampliação sem a criação anterior das infra-estruturas para acompanhar esse crescimento vai agravar bastante todos esses problemas.
A Companhia Docas de São Sebastião, responsável pelo porto, elaborou um Estudo de Impactos Ambientais, com um Relatório de Impactos Ambientais (EIA-Rima) que será apresentado ao Ibama. Sem a aprovação do órgão, a obra não pode ser feita. O estudo vem sendo bastante questionado pelos moradores locais, que estão se mobilizando para barrar o projeto. Esta semana, foram realizadas em São Sebastião e em Ilhabela duas audiências públicas para o debate do estudo. Em ambos os encontros, a maioria absoluta dos presentes foi contra as obras. Além de problemas ambientais e sociais, a sociedade civil alega que o processo deve afetar o turismo, principal fonte de renda tanto de Ilhabela quanto de São Sebastião.
Essa não é a primeira vez que a sociedade local se mobiliza para proteger o ambiente. Os moradores já conseguiram impedir três projetos de verticalização na região, a construção da Rodovia do Sol e uma outra tentativa de ampliar o porto de São Sebastião, em 1987. Eles também impediram que a Dersa construísse em Ilhabela sua oficina de balsas para servir toda a região, inclusive Santos.
Agora é acompanhar o debate para garantir a qualidade de vida desta e das futuras gerações na região.

FONTE: BLOG DO SAKAMOTO


sábado, 10 de dezembro de 2011


O importante na vida não é o triunfo, mas a luta; o essencial não é a vitória, mas ter lutado bem. Quem divulga essas regras prepara o caminho para a humanidade mais forte, mais corajosa e mais benevolente.

PIERRE DE FREDY (BARÃO DE COUBERTIN)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


No dia 9 de dezembro de 1980, eu tinha 16 anos, já era muito beatlemaníaco, e minha mãe me acordou com cuidado para dar a notícia. John Lennon havia sido assassinado na noite do dia anterior, na porta do conjunto de prédios onde morava, e, depois disso, nunca mais o mundo do rock’n’roll foi o mesmo. O que se investiu em segurança para astros da música antes da morte do ex-Beatle não se compara ao que se gastou depois. Não há como não pensar que o fato de estarmos vendo, atualmente, cada vez mais megashows com cordões de segurança e barreiras que separam público vip do normal se deve, um pouco, à fatalidade que ocorreu com John.
No domingo que se seguiu ao assassinato, mais precisamente no dia 14 de dezembro, o mundo parou para homenagear o ídolo. Yoko Ono, em comunicado à imprensa, convocou o planeta para que fizesse uma vigília silenciosa de 10 minutos, no que foi prontamente atendida por legiões e mais legiões de admiradores de Lennon em todo o planeta. Inclusive aqui no Brasil. Lembro-me de ter me reunido com diversos amigos, companheiros de idolatria, num hotel do Leme (RJ), onde fizemos uma roda em torno de uma única vela na hora marcada para a cerimônia. Bateu um vento danado durante todos os dez minutos da vigília, mas algo mais forte do que todos nós manteve aquela chama acesa. Coisa para a qual até hoje não tenho explicação.
O fato é que a mesma coisa tem acontecido com o legado de John ao longo de todos esses 30 anos. Sua música, sua arte e suas ideias continuam influenciando gente de todos os cantos. “Give Peace a Chance” e “Imagine” são hinos pacifistas de impacto ainda maior do que tinham nos anos 1970.
Portanto, não é de se estranhar que qualquer anúncio de um disco, filme ou programa de TV novo com material inédito de John Lennon provoque calafrios até hoje. Nesta semana que está acabando, o canal GNT exibiu quatro programas inéditos na TV brasileira abordando vários aspectos da carreira do ex-Beatle. Neste final de semana, você ainda tem a chance de rever três deles. Esqueça o desprezível “Simplesmente Lennon”, no qual atores dão vida ao cantor e àqueles que o rodeavam entre 1967 e 1970 – para quem quiser se arriscar, o longa de uma hora e meia passa às 16h deste sábado. Imperdível mesmo é “Lennon NYC”, um outro longa que relata a vida do astro desde que chegou em Nova York no ano de 1971 até sua morte em 1980, e que chegou a ser exibido no Festival de Cinema do Rio deste ano em sessões concorridíssimas. O filme também será exibido no sábado, às 17h15. E, nesta sexta-feira, o canal a cabo exibe Lennon & Harrison, um especial que traça paralelos entre as carreiras solo dos dois Beatles que já partiram deste planeta. 
Se depender da sede de informação de fãs de Lennon em todo o mundo, o sonho, naturalmente, está longe de acabar.

Por Heitor Pitombo

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PROBLEMA E SOLUÇÃO

Conserva a paciência
Nos momentos difíceis.
Desespero e revolta
Originam mais dor.
Rebeldia é mais sombra
Na sombra que se faz.
Mantém a tua calma
Nas decisões que tomes.
Muitas questões que surgem
Só o tempo equaciona.
Todo problema ensina
A própria solução.

Irmão José, através de Carlos A. Baccelli