No dia 9 de dezembro de 1980, eu tinha 16
anos, já era muito beatlemaníaco, e minha mãe me acordou com cuidado para dar a
notícia. John Lennon havia sido assassinado na noite do dia anterior, na porta
do conjunto de prédios onde morava, e, depois disso, nunca mais o mundo do
rock’n’roll foi o mesmo. O que se investiu em segurança para astros da música
antes da morte do ex-Beatle não se compara ao que se gastou depois. Não há como
não pensar que o fato de estarmos vendo, atualmente, cada vez mais megashows
com cordões de segurança e barreiras que separam público vip do normal se deve,
um pouco, à fatalidade que ocorreu com John.
No domingo que se seguiu ao assassinato,
mais precisamente no dia 14 de dezembro, o mundo parou para homenagear o ídolo.
Yoko Ono, em comunicado à imprensa, convocou o planeta para que fizesse uma
vigília silenciosa de 10 minutos, no que foi prontamente atendida por legiões e
mais legiões de admiradores de Lennon em todo o planeta. Inclusive aqui no
Brasil. Lembro-me de ter me reunido com diversos amigos, companheiros de
idolatria, num hotel do Leme (RJ), onde fizemos uma roda em torno de uma única
vela na hora marcada para a cerimônia. Bateu um vento danado durante todos os
dez minutos da vigília, mas algo mais forte do que todos nós manteve aquela
chama acesa. Coisa para a qual até hoje não tenho explicação.
O fato é que a mesma coisa tem acontecido
com o legado de John ao longo de todos esses 30 anos. Sua música, sua arte e
suas ideias continuam influenciando gente de todos os cantos. “Give Peace a
Chance” e “Imagine” são hinos pacifistas de impacto ainda maior do que tinham
nos anos 1970.
Portanto, não é de se estranhar que
qualquer anúncio de um disco, filme ou programa de TV novo com material inédito
de John Lennon provoque calafrios até hoje. Nesta semana que está acabando, o
canal GNT exibiu quatro programas inéditos na TV brasileira abordando vários aspectos
da carreira do ex-Beatle. Neste final de semana, você ainda tem a chance de
rever três deles. Esqueça o desprezível “Simplesmente Lennon”, no qual atores
dão vida ao cantor e àqueles que o rodeavam entre 1967 e 1970 – para quem
quiser se arriscar, o longa de uma hora e meia passa às 16h deste sábado.
Imperdível mesmo é “Lennon NYC”, um outro longa que relata a vida do astro
desde que chegou em Nova York no ano de 1971 até sua morte em 1980, e que
chegou a ser exibido no Festival de Cinema do Rio deste ano em sessões
concorridíssimas. O filme também será exibido no sábado, às 17h15. E, nesta
sexta-feira, o canal a cabo exibe Lennon & Harrison, um especial que traça
paralelos entre as carreiras solo dos dois Beatles que já partiram deste
planeta.
Se depender da sede de informação de fãs de
Lennon em todo o mundo, o sonho, naturalmente, está longe de acabar.
Por Heitor Pitombo
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