sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


No dia 9 de dezembro de 1980, eu tinha 16 anos, já era muito beatlemaníaco, e minha mãe me acordou com cuidado para dar a notícia. John Lennon havia sido assassinado na noite do dia anterior, na porta do conjunto de prédios onde morava, e, depois disso, nunca mais o mundo do rock’n’roll foi o mesmo. O que se investiu em segurança para astros da música antes da morte do ex-Beatle não se compara ao que se gastou depois. Não há como não pensar que o fato de estarmos vendo, atualmente, cada vez mais megashows com cordões de segurança e barreiras que separam público vip do normal se deve, um pouco, à fatalidade que ocorreu com John.
No domingo que se seguiu ao assassinato, mais precisamente no dia 14 de dezembro, o mundo parou para homenagear o ídolo. Yoko Ono, em comunicado à imprensa, convocou o planeta para que fizesse uma vigília silenciosa de 10 minutos, no que foi prontamente atendida por legiões e mais legiões de admiradores de Lennon em todo o planeta. Inclusive aqui no Brasil. Lembro-me de ter me reunido com diversos amigos, companheiros de idolatria, num hotel do Leme (RJ), onde fizemos uma roda em torno de uma única vela na hora marcada para a cerimônia. Bateu um vento danado durante todos os dez minutos da vigília, mas algo mais forte do que todos nós manteve aquela chama acesa. Coisa para a qual até hoje não tenho explicação.
O fato é que a mesma coisa tem acontecido com o legado de John ao longo de todos esses 30 anos. Sua música, sua arte e suas ideias continuam influenciando gente de todos os cantos. “Give Peace a Chance” e “Imagine” são hinos pacifistas de impacto ainda maior do que tinham nos anos 1970.
Portanto, não é de se estranhar que qualquer anúncio de um disco, filme ou programa de TV novo com material inédito de John Lennon provoque calafrios até hoje. Nesta semana que está acabando, o canal GNT exibiu quatro programas inéditos na TV brasileira abordando vários aspectos da carreira do ex-Beatle. Neste final de semana, você ainda tem a chance de rever três deles. Esqueça o desprezível “Simplesmente Lennon”, no qual atores dão vida ao cantor e àqueles que o rodeavam entre 1967 e 1970 – para quem quiser se arriscar, o longa de uma hora e meia passa às 16h deste sábado. Imperdível mesmo é “Lennon NYC”, um outro longa que relata a vida do astro desde que chegou em Nova York no ano de 1971 até sua morte em 1980, e que chegou a ser exibido no Festival de Cinema do Rio deste ano em sessões concorridíssimas. O filme também será exibido no sábado, às 17h15. E, nesta sexta-feira, o canal a cabo exibe Lennon & Harrison, um especial que traça paralelos entre as carreiras solo dos dois Beatles que já partiram deste planeta. 
Se depender da sede de informação de fãs de Lennon em todo o mundo, o sonho, naturalmente, está longe de acabar.

Por Heitor Pitombo

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