domingo, 11 de dezembro de 2011


Encontrei este texto em um caderno antigo, de quando era ainda adolescente – então é bem antigo mesmo!... É engraçado ver como nessa fase somos tão exagerados, tudo parece mais intenso do que realmente é... As paixões, as contradições, a dor...
Ele parece escrito por alguém que passa por uma profunda crise existencial – pelo menos é o que parecia na época –, mas na verdade é de alguém que passa pela terrível dor de deixar de ser criança...
Depois acabamos descobrindo que não necessariamente teremos que abandonar essa criança que existe em nós, que esse na verdade é só mais um momento de adaptação, como tantos outros que teremos vida a fora... Mas acho que esse sentimento de ruptura é que causa essa sensação tão intensa; um vazio que até então não se está acostumado a sentir... 
Hoje em dia vejo que este sentimento vem se revelando cada vez mais cedo, porque a infância perde espaço a cada nova geração, para necessidades, ou o que é pior, para obrigações que nos fazem caminhar em sentido contrário ao daqueles anseios mais íntimos, que verdadeiramente alimentariam nossa alma...

“Eu caminho ao lado de um abismo... E neste momento estou virado para ele. Eu posso vê-lo, tão profundo, tão presente, tão indesejável, mas tão fascinante... Tudo é escuridão e medo. E se faz trevas em meu pensamento... Um passo em falso e lá se vai meu auto controle...
Do outro lado é dia, mas o sol me cega... é mais gostoso olhar para o buraco negro que me seduz...
As pessoas fogem para o outro lado, mas eu ouço seus gemidos, elas podem enxergar, mas a luz é muito forte e só existe dor. Aqui tudo é silêncio e escuridão...
Eu vou saltar...
Não... Vou continuar caminhando, eu sei que a frente o caminho se acaba e só o que existe é o abismo... Vou apenas cair e esperar seu abraço gentil...”

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